Gosto de
escrever histórias sem procurar para elas um destino certo. Redijo
relatos como este para descrever uma, a minha, forma de ver o mundo,
com sua hostilidade, tão
lacerante como eu a percebo em minha própria pele. Em
meus livros existe, por tanto, um grande abano de expressões de
violência, mas não como apologia, senão como representação de
uma realidade que, eventualmente, se nos apresenta por meio de
eufemismos. Acho que a ficção não supera a realidade. É por isso
que dispo as cenas que vou descrevendo como num filme, mesmo a
linguagem, de qualquer artificio que possa desvirtuar o sentido da
dor, achegando à pessoa que lê a uma experiência extra-literária,
próxima
ao sofrimento
físico e psíquico que meus personagens padecem.
Até
o momento, são dois os livros escritos em português padrão,
"Ocidente"
e "Barataminha barata",
do que se cumpre este mês um ano de sua publicação. O primeiro
consta de dois relatos e um conjunto de poemas que dá título ao
volume. O segundo é uma novela breve, inscrita dentro da minha
própria definição de micro-novela. Este é um conceito que eu
manipulo outorgando-lhe, ademais da brevidade como máxima, outras
particularidades que a definem, muito próximas a aquelas já
descritas na literatura pulp,
mas desde uma perspetiva pessoal na que me afasto de qualquer género
literário para aproximar-me a todos eles numa amálgama que guarda
concomitâncias evidentes com os géneros existentes. Por
tanto, são o hardboiled,
a ficção científica, a distopia, termos que acompanham minhas
histórias.
Por
norma geral, meus livros foram bem acolhidos pela crítica, tendo-se
achegado a eles pessoas como Tomás Rivera, Luis Mazás, Xosé ManuelEyré, José Alberte Corral.